Meu texto é mais um relato de experiências do que um artigo de opinião, como é o propósito desse grupo "Cases Reais". Eu vou contar a minha história para que vocês possam contribuir, argumentar, sugerir e também construir as suas próprias.
Sou professor de Engenharia e Tecnologia na Universidade Federal do Paraná, e não é de hoje que somos diretamente impactados pela angústia da maioria dos nossos estudantes quando chega ao final de um curso de graduação: será que vou ter emprego.
Na verdade, a maior parte deles procura se agarrar a um estágio logo depois de meados do cursos, na esperança de ali garantir a sua colocação profissional quando recém-formados. Essa é uma estratégia que funciona, mas para alguns.
Quando vamos a fundo em investigar qual é o real motivo que leva estes profissionais a terem uma barreira para entrar no mercado, encontramos diversas respostas, mas duas delas são mais marcantes: a primeira é a falta de experiência, a segunda é a falta de um diferencial.
E é aqui que entra a inovação na formação de profissionais, como colocar estes alunos, que vem de um ensino tradicional, com uma formação super técnica (no meu caso, das engenharias) e transformar esse profissional recém formado em um profissional com experiências e com diferencial?
Introduzimos disciplinas como inovação e empreendedorismo em nossos currículos, mas na minha experiência não foi suficiente para embutir nesses alunos uma atitude inovadora, pois por mais que as disciplinas entrem em sala de aula, seu ensino tradicional não provoca a transformação do mindset dos alunos. É apenas mais uma disciplina do rol de disciplinas do currículo.
Muito se tem falado hoje em dia em life long learning, ou seja, aquele aprendizado contínuo e que vale para toda a sua vida, e acho que essa é a chave para o sucesso da formação de novos profissionais.
Veja o meu caso, por exemplo. Em um ensino de tecnologia para engenharia, um aluno que tem um curso com a duração mínima de 5 anos, quanta tecnologia já se transformou apenas nesse período? Ele aprende uma coisa e quando sai da faculdade a tecnologia já é outra. Bom, podemos tirar como exemplo a transformação digital impulsionada pela pandemia. 5 anos é muito tempo para um aluno aprender conhecimentos que estarão obsoletos quando ele sair da faculdade.
E se a faculdade pudesse ensinar para esses alunos um conjunto maior de conhecimentos que eles possam levar para além de formados? Um conjunto maior de conhecimentos que possam auxiliar na formação humana e de habilidades comportamentais desses alunos? Eu estou na busca incessante por metodologias ou técnicas que possam colocar isso em prática.
A experiência da imersão de alunos em problemas reais tem tido uma grande eficiência nesse processo de formação. Em contato com situações reais, com problemas e pessoais reias, os alunos tem que desenvolver habilidades que extrapolam as páginas dos livros acadêmicos e das receitas prontas em salas de aula. É na vida real que se aprende a viver, e a inovar.
Boa parte do conhecimento e das habilidades técnicas estão hoje sendo executadas por máquinas. Inteligência Artificial, Big Data, Machine Learning têm uma capacidade de execução simultânea muito maior que a humana, são inovações, que não tem a capacidade de criar coisas novas. São ótimos "papagaios".
Desenvolver a atitude inovadora é o diferencial que trará para os futuros profissionais a experiência e o diferencial que os farão ter destaque no mercado, e não necessariamente para terem empregos, mas sim para serem os donos de seus próprios negócios, de suas startups.
Gostaria muito que pudessem contribuir com suas opiniões, sugestões e críticas. E para quem quiser aprender e desenvolver junto a formação dos profissionais do futuro, estou à disposição.