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Uma jornada feminista - Inicia na consciência ...

Uma jornada feminista - Inicia na consciência ...
Condor Connect
mar. 11 - 3 min de leitura
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Ao me aprofundar nos estudos sobre o feminismo, iniciei uma jornada íntima de descoberta e compreensão das múltiplas camadas de opressão que nós, mulheres, muitas vezes enfrentamos sem sequer perceber. Essa jornada tornou-se particularmente significativa ao refletir sobre os papéis de mãe e esposa em minha própria vida, papéis esses frequentemente idealizados, mas que também carregam um peso enorme de expectativas e demandas.

 

Essa compreensão me fez refletir sobre como as escolhas que fiz em função da minha familia  e do desenvolvimento profissional do meu marido impactaram diretamente no meu crescimento pessoal e na minha carreira, que evoluiu muito mais lentamente do que a dele.




Durante quase vinte anos de casamento, eu e meu marido fizemos escolhas conjuntas que, na época, pareciam ser as mais acertadas para o nosso bem-estar coletivo. Naquele contexto, onde o salário dele era superior ao meu, aceitei, talvez um pouco ingenuamente, que os avanços na carreira dele beneficiariam a todos nós, considerando isso um investimento no “nós” que construímos juntos.

 

Contudo, olhando para trás, vejo como, em muitos momentos, coloquei minhas ambições e meu desenvolvimento pessoal em segundo plano, influenciada pela crença de que apoiar o progresso profissional dele era o melhor para todos nós.

 

O feminismo abriu meus olhos para questionar essas decisões e perceber como estavam entrelaçadas com as estruturas patriarcais que moldam nossas vidas, muitas vezes nos relegando a um papel secundário. Esse entendimento se aprofundou ao refletir sobre a ideia hipotética de um divórcio, que ilustra vividamente como as desigualdades podem se solidificar e emergir em momentos críticos de mudança.

 

Refletindo sobre minha posição de mulher branca e de classe média, reconheço meu privilégio e peço espaço para dialogar sobre como essas disparidades não são meras coincidências individuais, mas sim reflexos de um sistema que desvaloriza sistematicamente as mulheres. Apesar de legalmente termos direitos iguais à divisão de bens, a realidade é que as escolhas que fizemos, pensando no coletivo, afetam desproporcionalmente nossa independência financeira e nosso crescimento profissional. E esse é um ônus injusto que é suportado principalmente por nós, muheres.

 

Nesse percurso de autodescoberta com o feminismo, não encontrei apenas uma crítica ao que é injusto, mas também uma comunidade de vozes que ressoam experiências e desejos semelhantes. Esta jornada se tornou um caminho de significado profundo para mim, não apenas teórico, mas vivencial. É sobre reconhecer minha história e lutar por um futuro em que eu possa honrar minhas necessidades e valores, integrando-os à busca coletiva pela igualdade e justiça para todas nós.



Texto por Camila Paul

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