Para 2023, além do complexo cenário
do venture capital, é essencial rever processos, otimizar gastos e tornar os
times mais eficientes
Depois de um
2021 maravilhoso, sem dúvida alguma o melhor ano para o ecossistema de inovação
no Brasil, 2022 chegou cercado de incertezas e receios. De acordo com dados da
Distrito, foi verificada uma queda expressiva nos investimentos durante o
primeiro semestre: US$ 2,92 bilhões em 327 deals, ou seja, uma redução de 44%
na comparação com o ano anterior. O número de rodadas também caiu 21%.
O cenário
ficou ainda mais pessimista devido às demissões em unicórnios muito poderosas,
como 99, Loggi e Vtex. De acordo com um levantamento do Estadão, pelo menos 3,9
mil profissionais foram desligados em empresas com avaliação de mercado
superior a US$ 1 bilhão (no Brasil, há 24 organizações com esse título).
Apesar da
desaceleração na comparação com 2021, o mês de outubro trouxe sinais de
recuperação. Dados do Inside Venture Capital, da plataforma de inovação
Distrito, revelam que as startups
brasileiras captaram US$ 376,4 milhões em 54 rodadas realizadas nesse mês, o
equivalente a R$ 2 bilhões em recursos. Na comparação com o mês anterior, houve
um crescimento de 159%, quando se obteve US$ 145,3 milhões, ou seja, R$ 729
milhões, em 42 rodadas.
Infelizmente,
em relação a outubro de 2021, o montante ficou bastante inferior na América
Latina. Nesse período, de acordo com a plataforma Sling Hub, foram captados US$
924,8 bilhões em 80 rodadas (uma queda de 45% em relação ao mesmo período de
2021).
Apesar das
dificuldades, alguns representantes do ecossistema de inovação se destacaram e
puderam captar grandes investimentos. A fintech Neon, de acordo com dados da
Distrito, conseguiu a maior captação do ano de 2022 no mês de fevereiro, quando
foi anunciada uma rodada de investimento de US$ 300 milhões. O aporte Série D,
feito integralmente pelo banco global BBVA, foi utilizado para operações
financeiras e investimentos em marketing, tecnologia e produtos. A empresa já
faz parte do cobiçado grupo dos unicórnios.
Devido a uma
série de fatores, como a instabilidade econômica e o aumento dos juros no
Brasil e no exterior, foi complicado manter o ritmo de 2021 em relação a
investimentos, lançamento de novos negócios, crescimento interno, contratação
de equipes, entre outros aspectos. Os potenciais investidores não estavam
dispostos a arriscar, ou seja, estavam mais criteriosos com os aportes em
venture capital. Esse ponto explica boa parte da queda registrada.
Venture
capital ainda será um desafio em 2023
Sem dúvida
alguma, o venture capital ainda será bastante desafiador neste ano. O modelo
mais tradicional de captação usado pelas startups, que almejam escalar os seus
negócios, pode ser impactado, por exemplo, com algumas mudanças legislativas.
Entre elas, destaca-se o novo marco cambial, em vigor desde 31 de
dezembro, que pode acelerar as rodadas de investimentos.
Há algum
tempo, é perceptível o interesse dos fundos estrangeiros por organizações brasileiras. Dessa forma, o
novo marco cambial pode facilitar os aportes internacionais no país.
As fusões e
aquisições (M&As, do inglês “Mergers and Acquisitions”) devem seguir também
a todo vapor em 2023. Um levantamento da PwC Brasil sinaliza um volume recorde
de transações no primeiro semestre de 2022.
De acordo
com os dados, foram contabilizadas 807 rodadas nesse período. A projeção, até
dezembro de 2022, era de uma movimentação em torno de US$ 4,7 trilhões. Vale
lembrar que, durante a pandemia, essa estratégia fez toda a diferença para
garantir a sobrevivência de muitos negócios, que foram incorporados a
instituições mais sólidas.
Para 2023,
entre outros desafios, as startups precisam investir cada vez mais em
tecnologia e automação interna. Dessa forma, a empresa reduz custos e torna os
times mais eficientes. Com a escassez de recursos, é preciso rever processos e
buscar soluções que não comprometam os negócios. A criatividade e um bom
planejamento estratégico farão toda a diferença. Aposte nisso!
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