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Porque inovar na saúde é tão difícil?

Porque inovar na saúde é tão difícil?
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mai. 6 - 11 min de leitura
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Inovar no setor de saúde é um desafio que vai muito além da simples implementação de novas tecnologias.

No Brasil, onde as estruturas tradicionais dominam, transformar o sistema de saúde por meio da inovação exige coragem, estratégia e, acima de tudo, uma profunda compreensão das particularidades desse mercado tão sensível.

Neste artigo, vamos explorar esses desafios e estratégias a partir da experiência de dois profissionais que estão na linha de frente da transformação do sistema de saúde brasileiro: Rafaela Tiepo, coordenadora de inovação da Unimed Curitiba, e Ricardo Brustolin, executivo com ampla experiência em estratégia e gestão organizacional.

Com uma carreira que une direito e inovação, Rafaela traz um olhar diferenciado sobre como a inovação pode ser incorporada em uma das maiores operadoras de saúde do país. Já Ricardo, com quase dez anos na Unimed e responsável por criar áreas estratégicas, compartilha os bastidores da gestão da inovação numa empresa que lida diretamente com vidas humanas.



🚀 O desafio da inovação na saúde

Inovar na saúde é complexo porque o setor lida diretamente com a vida das pessoas. Cada mudança pode impactar a segurança dos pacientes, o que gera uma resistência natural a riscos e experimentações. Como destaca Ricardo, “a gente trabalha com humanos, vida humana, e qualquer erro, qualquer falha é difícil”. Essa responsabilidade torna a inovação disruptiva mais desafiadora do que em outros setores.

Além disso, a Unimed Curitiba, como muitas outras operadoras, foi fundada e ainda é conduzida por médicos, o que reforça um conservadorismo inerente à prática médica para garantir segurança e qualidade no atendimento. Essa cultura, embora necessária, pode ser um empecilho para a adoção rápida de novas soluções.

Por isso, o processo de inovação na saúde precisa ser cuidadosamente planejado e executado, com foco na mitigação dos riscos e na construção de confiança entre os profissionais envolvidos.



 

💡 A trajetória de Rafaela: do Direito à Inovação

Rafaela Tiepo é um exemplo inspirador de como a inovação pode surgir de trajetórias inesperadas. Com formação em Direito, ela atuou por 12 anos na assessoria jurídica da Unimed Curitiba. Seu diferencial foi sempre buscar atuar junto às áreas de negócio, entendendo suas necessidades para elaborar contratos que realmente atendessem às demandas práticas.

Essa postura colaborativa a levou a se interessar pela inovação, especialmente no campo do direito digital e da jurimetria, que utiliza análise de dados para melhorar a tomada de decisões jurídicas. Rafaela conta que, ao participar de congressos e estudar essas áreas, percebeu um universo novo e apaixonante, que a motivou a migrar para a coordenação da inovação na Unimed.

Essa transição não foi simples, já que o mundo jurídico tradicional é rígido e conservador, enquanto a inovação demanda agilidade, flexibilidade e disposição para o risco. No entanto, Rafaela conseguiu unir esses mundos, trazendo para a inovação a mesma paixão por projetos que tinha no direito.



⏰ A rotina de Ricardo: disciplina e estratégia

Ricardo Brustolin destaca a importância de uma rotina disciplinada para liderar processos complexos de inovação. Ele acorda às 4h40 da manhã, dedica um tempo à leitura, faz exercícios e só então inicia seu dia de trabalho. Essa rotina regrada contribui para a clareza mental necessária para lidar com os desafios da gestão estratégica em uma grande empresa.

Com quase dez anos na Unimed Curitiba, Ricardo é conhecido por estruturar áreas fundamentais, como auditoria interna, estratégia, planejamento e inovação. Ele liderou a criação do centro de pesquisa e inovação, que hoje é coordenado pela Rafaela. Esse trabalho conjunto é fundamental para alinhar as iniciativas de inovação com as necessidades reais da empresa.



 🌐 Inovação incremental x inovação disruptiva na saúde

Uma das grandes discussões em inovação é a diferença entre inovação incremental e disruptiva. A inovação incremental foca em melhorias contínuas nos processos existentes, enquanto a inovação disruptiva traz mudanças radicais que podem transformar completamente o modelo de negócio.

No setor de saúde, a inovação incremental é mais comum e aceita, pois permite avanços sem comprometer a segurança dos pacientes. Já a inovação disruptiva enfrenta barreiras maiores, pois pode colocar em risco a essência do serviço de saúde: oferecer qualidade e segurança.

Ricardo destaca que, por isso, a Unimed e outras operadoras preferem observar o mercado, analisar o que já foi testado e comprovado antes de adotar mudanças radicais. Essa cautela é necessária para garantir que a inovação não comprometa a missão da empresa.



 👥 O papel da cultura e das pessoas na inovação

Mais do que processos e tecnologias, a inovação depende das pessoas. Rafaela ressalta que o foco do trabalho dela é desenvolver a cultura de inovação dentro da organização, estimulando o protagonismo dos colaboradores.

Ela explica que a Unimed Curitiba tem uma história de inovação que não começou com a criação da área específica, mas sim com iniciativas internas ao longo dos 54 anos de existência da empresa. Muitas dessas iniciativas nunca foram comunicadas, o que fez com que o potencial inovador interno fosse subestimado.

Um dos desafios da área de inovação é justamente tornar essas iniciativas visíveis, reconhecendo e valorizando os colaboradores que as desenvolveram. Para isso, programas de ideias e comunicação interna são fundamentais.



 💡 Programa de Ideias: transformando sugestões em resultados

Um exemplo prático do impacto da cultura de inovação é o programa de ideias da Unimed Curitiba, que já recebeu mais de 150 sugestões dos colaboradores. Uma dessas ideias, aparentemente simples, gerou uma grande economia e melhorou o atendimento aos beneficiários.

A ideia foi facilitar a entrega de medicamentos oncológicos via oral diretamente aos pacientes que vivem em filiais como Joinville, evitando que eles precisassem buscar o medicamento na sede de Curitiba. Isso não só melhorou a experiência do paciente, que passou a receber o medicamento em casa, como também reduziu custos para a Unimed, que passou a comprar diretamente dos distribuidores.

O resultado foi uma economia de aproximadamente 2 milhões de reais por ano, mostrando que inovação pode ser mensurada e gerar impacto financeiro real.



 🔄 Do idealizador à execução: a participação ativa dos colaboradores

Outro ponto importante é o envolvimento do idealizador da ideia no processo de execução. Na Unimed Curitiba, o colaborador que propõe a ideia frequentemente participa da implementação, garantindo que a solução seja viável e alinhada às necessidades reais.

Essa participação ativa fortalece o engajamento e aumenta as chances de sucesso da inovação, além de valorizar o protagonismo dos colaboradores.



 📊 Mensuração dos resultados e engajamento

Um dos grandes desafios da inovação é medir seu sucesso. Diferente de vendas ou prospecção, os resultados da inovação podem ser intangíveis ou demorados para aparecer.

Ricardo destaca que, na Unimed Curitiba, a mensuração é feita com base no engajamento, nas entregas e no avanço dos projetos, utilizando metodologias ágeis como os sprints (ou "pokes") para acompanhar o progresso.

Além disso, é importante reconhecer que algumas áreas têm mais facilidade para inovar, enquanto outras apresentam maior resistência. O trabalho da área de inovação é justamente identificar essas diferenças e buscar caminhos para aproximar as áreas mais resistentes, mostrando os benefícios da inovação.


🤝 Colaboração entre áreas e o ecossistema de startups

A inovação na Unimed Curitiba não acontece isoladamente dentro da área de inovação. Muitas iniciativas surgem de outras áreas que identificam necessidades específicas e buscam apoio para encontrar soluções, seja internamente ou com parceiros externos.

O exemplo do reconhecimento facial para médicos cooperados ilustra essa colaboração. A área identificou um problema de segurança e fraude, e a área de inovação ajudou a estruturar a solução tecnológica, que envolveu várias equipes e resultou em um processo mais seguro e eficiente.

A Unimed também mantém parcerias com startups, como a Univision, para desenvolver novas soluções, embora em alguns casos a empresa opte por desenvolver internamente quando não encontra sinergia no mercado.

 


📅 Construindo uma área de inovação: o passo a passo

Para empresas tradicionais que querem iniciar uma jornada de inovação, o primeiro passo é entender a cultura organizacional e o apetite para mudanças. Ricardo destaca que o apoio da alta liderança, especialmente do diretor-presidente, é fundamental para o sucesso.

Após garantir esse apoio, é necessário estruturar um planejamento, montar uma equipe dedicada e buscar soluções de mercado que possam ajudar na gestão da inovação. Ter uma área específica para inovação cria um ponto focal para atrair demandas e fomentar a cultura inovadora na empresa.

Mesmo que toda a empresa não esteja olhando para inovação, a existência dessa área faz com que as pessoas comecem a enxergar as possibilidades e a se engajar no processo.


Inovar na saúde é um processo contínuo que exige esforço, paciência e colaboração.


Rafaela e Ricardo reforçam que a inovação não é um evento único, mas uma jornada que envolve plantar, cultivar e colher resultados ao longo do tempo.

Para quem deseja se aprofundar no tema, indicam a leitura do livro "Liderando o Futuro", de Marta Gabriel, que traz uma visão estratégica sobre liderança e inovação, unindo metodologia e comportamentos necessários para conduzir mudanças em ambientes corporativos.

Além disso, recomendam o programa de inovação da R Shift, disponível em podcast e YouTube, como uma fonte rica de conteúdo sobre práticas inovadoras em empresas.

 


Inovação na saúde é possível e necessária

Apesar dos desafios, a inovação na saúde é não só possível, como essencial para melhorar a qualidade do atendimento, reduzir custos e tornar os processos mais eficientes. A experiência da Unimed Curitiba mostra que, com liderança comprometida, cultura forte e colaboração entre áreas, é possível superar resistências e transformar o setor.

Se você trabalha com saúde, inovação ou gestão, inspire-se nessas histórias e práticas para impulsionar a transformação em sua organização. A inovação é uma jornada contínua que começa com pessoas dispostas a fazer acontecer.

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