Voltamos a defender a ideia de que o melhor lugar para abrirmos nossa empresa é mesmo a onde moramos, e, por esse motivo ao longo deste blogger, estaremos desenvolvendo vários artigos com temas para que você consiga definir melhor o que quer desenvolver, produzir, vender ou oferecer em sua casa tendo o seu bairro e a sua cidade como aliados da sua empresa.
Mas, em questão de país será que o Brasil, atualmente, é um lugar bom para investir num novo empreendimento ou injetar capital naqueles que já existem?
Pesquise sobre qual seria a melhor resposta de tudo que li é que, o Brasil: é um país empreendedor.
A maior parte da população brasileira sonha em ter seu próprio negócio – pequeno, médio ou grande.
Porém, essa vontade de tornar-se o seu próprio patrão deriva de um fato muito comum e marcante em nosso país, ou seja: a falta de emprego para todos os brasileiros. Essa situação é preocupante, pois que, a maioria desses novos empreendedores não são investidores o que poderá gerar uma catástrofe para a frágil economia do país nos próximos anos.
É muito comum após perder o vínculo trabalhista nascer um novo empreendedor e consequentemente, um novo CNPJ, porém, após alguns meses nessa nova empreitada esse ‘empreendedor esporádico’ poderá em questão de meses ficar ainda mais endividado, deprimido, angustiado. Outro fator prejudicial que torna ainda mais arriscada essa forma de empreendedorismo derivado da falta de emprego vem da cultura de dominação implantada entre nós pelo sistema capitalista dos meios de produção.
A nossa tradicional cultura conservadora dos meios de produção hierarquizada pelo sistema de dominação em massa, prejulga, o trabalhador autônomo.
Entre nós, existem até mesmo frases prontas e repetidas várias vezes e por gerações que são utilizadas com o intuito de menosprezar o trabalhador autônomo.
“Você não tem um emprego de verdade”? Ficar em casa sem fazer nada é fácil, queria ver se tivesse que trabalhar 8 horas todo dia como eu faço”.
Emprego de verdade para muita gente é o emprego com Carteira assinada, livro de pontos, chefe de sessão, horário de 8 horas por dia, ônibus lotado todos os dias, salário no 5º dia útil do mês, 13º terceiro salário e férias na casa da mãe e do pai durante o Natal.
Posso me colocar nesse ranking dos trabalhadores sem carteira assina e que já ouviu uma dessas frases e até mesmo a pergunta: “Você está vivendo de renda?
Sou uma profissional liberal, sem horário e jornada pré-estabelecidos pela CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas. Receber e ter dinheiro, para um profissional liberal somente ocorre quando um cliente pagar. Atualmente, devido a situação econômica de nosso país e a crise sanitária, manter um local para chamar de escritório é privilégio para poucos, a grande maioria dos colegas de classe estão mantendo suas salas para atendimento ao cliente dentro de suas casas, o que, nos leva a ter dupla jornada de trabalho, principalmente, se o profissional liberar for mulher. Aí o trabalho como aplicador do direito deve ser realizado nas horas vagas que conseguir encontrar durante a rotina do trabalho doméstico. Quase sempre os melhores horários acabam sendo aqueles em que todos os demais moradores da casa se retiram para comer ou dormir. Sábado, domingo e feriados estamos sempre prontos para atender ou socorrer um cliente.
Outra prestação de serviço que ocorre muito ao profissional liberal de qualquer área, são as chamadas – como aqui em casa costumo dizer: ‘consultas a Madre Tereza do bairro”. Essas consultas ocorrem a qualquer hora do dia, da semana e do ano.
Quando leio nas redes sociais em grupos para Empreendedores alguém comentando que, Steves Jobs, largou a faculdade para se tornar um dos homens mais ricos do mundo, compreendo o quanto menos cultura de inovação empreendedora temos em nosso pais. Basta ler a biografia de Jobs para perceber o quanto ele pesquisou e estudou até deixar para todos nós o seu legado.
Penso que a criatividade do brasileiro é muito positiva para a Revolução 4.0, porém, a cultura da dominação de classe social existente no Brasil é um grande entrave para a mobilização de novos conceitos para a relação trabalhista e para novas políticas públicas na área econômica.
No Brasil, a ideia de que quem trabalha é apenas quem tem um emprego com Carteira assinada recebendo ordens de um superior tornou-se uma regra sem exceções.
E o que torna Jobs, eu, e muitos brasileiros diferentes para o mercado de trabalho e para as relações trabalhistas conservadoras que, ainda não perceberam os novos ideais da Revolução 4.0 que acontecem nos meios de produção, não é o fato de termos ou não estudado um pouco mais, mas sim, a insistência de não ser metodicamente obstinado a exercer uma função convencional sob o comando hierárquico de outro subordinado que acredita que, na figura de ‘chefe’, possa interferir nas relações pessoais e intelectuais de toda uma equipe colaborando muitas das vezes para a manutenção de uma ambiente hostil para os subordinados. Atualmente, existem muitos empregados vivendo num ambiente de trabalho totalmente escravizados e recebendo péssimos salários.
De acordo com o Boletim do 1º, quadrimestre/2021, do Ministério da Economia – Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, Departamento Nacional e Registro Empresarial e Integração, publicado em 26 de maio de 2021, e disponível no site: https://www.gov.br/governodigital/pt-br/mapa-de-empresas/boletins/mapa-de-empresas-boletim-do-1o-quadrimestre-de-2021.pdf temos que:
No primeiro quadrimestre de 2021, foram abertas 1.392.758 empresas, o que representa um aumento de 17,3% em relação ao último quadrimestre de 2020, além de aumento de 32,5% quando comparado com o primeiro quadrimestre de 2020. No mesmo período, forma fechadas 437.787 empresas, aumento de 22,9% no quantitativo de empresas fechadas se comparado com o último quadrimestre de 2020 e aumento de 23,1% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os resultados revelam um saldo positivo de 954.971 empresas abertas, com um número total de 17.173.284 empresas ativas. ”
Outra informação importante dada pelo Boletim do Ministério da Economia, é a de que:
O tempo para abertura de empresa no país é, em média, 3 dias e 5 horas, um aumento de 16 horas (26,2%), em relação ao último quadrimestre de 2020, porém com uma redução de 16 horas (17,2%) em relação ao mesmo período em 2020. ”
Também extraímos desse Boletim a informação de que os registros das novas empresas se referem a prestação de Serviços 48%, portanto, aqui estão os Micros empreendedores individuais, ou seja, aquela parcela da população brasileira que se encontra ‘não-registrada’, a população desempregada, que foi impulsionada a regularizar uma atividade profissional, denominada empreendedorismo.
O número estimado de trabalhadores informais que constituíram um CNPJ em 2020, foi de 10,8 milhões.
A pergunta que vem à cabeça agora é: essas novas Pessoas Jurídicas estão vivas neste momento?
Temos que observar esse aumento de Registro de Pessoas Jurídica com ressalvas, pois que, a maior parte de nossos empreendedores sequer tem noções primárias de Educação Financeira no ensino fundamental, e, portanto, estão sendo empurrados pela falta de trabalho formal para um investimento que talvez também não seja seguro, o chamado “empreendedorismo por necessidade”.
Josiane de Abreu Ribeiro
https://ocondutordotempo.blogspot.com/2021/10/desempregado-ou-empreendedor.html